terça-feira, julho 01, 2014

Não chorem por nós, jogadores

Muitos criticaram os jogadores da seleção brasileira por demonstrarem emoção e chorarem em alguns momentos que antecederam as partidas nesse mundial. Ora, até parece que eles não sabem que homem não chora. Macho que é macho prefere ter um ataque cardíaco a demonstrar suas emoções.
 
O grande Euclides da Cunha disse ser o sertanejo, acima de tudo, um forte. Pensávamos que todo homem brasileiro descendia de algum sertanejo, mas aqueles rostos molhados nos fizeram cair na real e a buscar uma razão para aquelas lágrimas abundantes. Muitos viram descontrole emocional, a antevisão da perda, a redenção de uma derrota ou a visão da vitória. Penso que foi isso tudo e mais um pouco.
A responsabilidade de representar o país do futebol pesou nos ombros dos nossos craques. Não deve ser nada fácil entrar em campo carregando os sonhos de milhões de brasileiros que estão com os olhos grudados no estádio ou diante das TVs, acompanhando milimétricamente tudo o que o escrete canarinho faz em campo. Pode ser a consagração, mas também pode ser um mergulho ao inferno.
 
Nossos meninos precisam de colo de mãe. É necessário passar para eles que o país pentacampeão exige o hexa, mas que entende quando o fardo é pesado demais. A imprensa executou magistralmente a tarefa de trazer para o presente o fantasma da Copa de cinquenta e isso, acredito, assustou os meninos. Deixou as suas pernas bambas na hora fatal.
Ah, Brasil, meu mulato inzoneiro, vou cantar teu hino à capela e fazer reverberar por todos os gramados a tua força e a mágica do teu futebol. Os meninos se farão homens e entraram no gramado carregando a responsabilidade de ser brasileiro com muito orgulho, com muito amor. O hexa será nosso, sem choro e sem vela.

Não leve a vida tão a sério, afinal, você não vai sair vivo dela mesmo

Diariamente somos surpreendidos pela notícia de que alguém próximo morreu ou está com uma doença muito grave. Nesse momento é comum questionarmos a nossa existência e maldizermos a vida, imputando-lhe a crueldade de não sermos eternos.
 
Não sei se na hora em que eu soube que um dia iria morrer me ocorreu de praguejar ou reclamar com o Criador. Não lembro. Parece-me que eu sempre soube que participo, como todos os seres vivos, desse inexorável processo de nascer, crescer e morrer.
Apesar de sabermos que iremos morrer um dia, cedo ou tarde, carregamos a herança dos povos antigos que pranteiam a morte como se ela fosse algo que não deveria acontecer. Muito já se falou sobre a necessidade que o homem tem de sentir-se eterno. A tradição Cristã e outras religiões prometem uma vida eterna sem a chatice das contas a serem pagas todo fim de mês.
A verdade é que levamos a vida muito a sério, exigindo dela mais do que ela pode nos dar. Nunca estamos contentes com o que conquistamos e nos esquecemos das coisas banais que nos provocam risos tímidos ao caminhar pelas ruas repletas de rostos seríssimos, cada um carregando os seus problemas e de toda humanidade.
Acho que está na hora de vermos a morte, não como o fim de tudo, mas como a conclusão de grande projeto que tem seus percalços, mas também tem muitos momentos bons. Se deixarmos de exigir muito da vida e passarmos a sentir prazer em cada segundo que ela nos dá, poderemos, na hora da partida, nos sentirmos como Paulo na sua carta a Timóteo: “combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé.”.
 
É certo que não sairemos vivos dessa vida, então para que carregarmos correntes durante nossa existência. Mágoas, rancores, medos, são como bolas de ferro atadas aos nossos calcanhares. Se insistirmos em carrega-las, a vida ficará mais do que séria, ficará pesada. Assim, na hora de nos despedirmos daqui, nossos parentes irão prantear, não a saudade gostosa ao relembrar nosso sorriso ou nossos gracejos, mas o quanto deixamos de aproveitar da vida que a vida nos deu. Pense nisso, liberte-se e sorria.