Olhei pela janela do apartamento e vi o
transito em frente ao prédio fluir como um rio, sem qualquer impedimento.
Poucos veículos esperavam o sinal verde para avançarem despreocupados, levando
seus ocupantes ao trabalho, colégio, consultas médicas, universidades e a
outros compromissos. Voltei meus olhos para o céu para confirmar as previsões
meteorológicas. As nuvens cobriam o azul celeste deixando o céu nublado. Corri
para pegar o carro e sair de casa antes da chuva. Tudo o que não queria era
estar no transito quando as torneiras do céu fossem abertas.
Saí da garagem fazendo preces para que a
chuva demorasse mais um pouco para desabar sobre a cidade, mas foi em vão. Mal
embiquei o carro na calçada, os primeiros pingos caíram sobre o para-brisa. O
trajeto até o trabalho seria longo, mesmo estando a poucos quilômetros de casa.
Dito e feito. Como por magia, a rua instantaneamente se encheu de carros.
Aquele trânsito que fluía tranquilo agora se assemelhava a um empurra-empurra.
O sinal vermelho parecia se alongar além do tempo previsto. Buzinas soavam
insistentes, tentando abrir espaço nos cruzamentos sem sucesso. A chuva
transformara o transito em caos.
É certo que temos que reduzir a velocidade em
pistas molhadas, redobrar a atenção com os carros que dividem as faixas de trânsito
conosco, mas não entendo porque tudo para ao menor sinal de chuva. Passamos a
andar abaixo dos trinta quilômetros como se todos fossem tartarugas. Com o trânsito
parado, logo imaginamos algum acidente, mas ao passarmos por determinado ponto
a partir do qual o tráfego flui, vemos que não há nenhuma razão para o
engarrafamento. Chego a conclusão que alguns de nós, motoristas, sofremos algum
tipo de pane a um mero sinal de água. Travamos e contribuímos para que o trânsito
fique atravancado.
Dirigir na cidade é complicado, com chuva,
então, fica impossível. Dito isso, só nos resta aprender a conviver com o caos
no trânsito e torcer para que aqueles que temem dirigir nessas condições, nesses
dias, fiquem em casa.