“Eu li na...”. Quando a pessoa começa a me
dizer uma suposta verdade baseada no que leu ou viu na Internet, eu a espero
terminar para dizer: “Não acredite em tudo que está na rede”.
A Internet virou um quintal sem dono. Todo mundo
fala tudo sobre todos sem a menor preocupação com o impacto que suas tecladas
irão provocar na vida dos outros. Não há o menor cuidado com as ações e a
responsabilidade pela correção das inverdades fica com quem está sendo
ultrajado.
Há uma corrida desenfreada para mutilar o
outro. São apps, blogs, sites de
fofocas, comentários, posts, sites políticos
e até a wikipedia. Há listas de
supostas prostitutas, homossexuais, corruptos, meninas, meninos... enfim, há de
tudo.
Outra maneira muita curiosa de mentir na
internet é assumir a identidade de outra pessoa. Com frequência nos deparamos
em nossa caixa de email com um texto, enviado por amigo ou desconhecido, de um
autor consagrado. Escritores, atores, compositores, jornalistas, físicos, químicos,
dançarinos e outros mais estão nessa categoria. Clona-se a pessoa, pensando-se
que está se clonando um personagem. Há, inclusive, quem dê um passo à frente na
tentativa de se fazer o outro: são fan
pages, blogs e sites atualizados
constantemente com textos que as pessoas clonadas desconhecem e, alguns, jamais
escreveriam.
Um amigo me disse que a fama chega realmente
para uma pessoa quando ela passa a ser clonada na internet. Isso não é fama, é
o inicio de um pesadelo que dará muito trabalho para esclarecer de fato quem é
quem. Algumas pessoas estão recorrendo ao registro de seu nome como
propriedade. Dessa forma, pode-se recorrer à justiça pleiteando violação dos
direitos da marca registrada. É um bom caminho, sem dúvida. Mas me pergunto se
será suficiente para inibir tal prática.
Tenho para mim que o
problema não é a falta de leis ou dispositivos para inibir a calunia e a
difamação, ou até mesmo a clonagem. O que faz da Internet um “liberou geral” é
a impunidade. Nossa justiça tem que ser mais eficiente e eficaz na aplicação
das penalidades, inclusive pecuniárias. Só assim, as pessoas pensarão duas
vezes antes de postar um texto malicioso sobre alguém.