Diariamente somos
surpreendidos pela notícia de que alguém próximo morreu ou está com uma doença
muito grave. Nesse momento é comum questionarmos a nossa existência e
maldizermos a vida, imputando-lhe a crueldade de não sermos eternos.
Não sei se na hora em que eu
soube que um dia iria morrer me ocorreu de praguejar ou reclamar com o Criador.
Não lembro. Parece-me que eu sempre soube que participo, como todos os seres
vivos, desse inexorável processo de nascer, crescer e morrer.
Apesar de sabermos que
iremos morrer um dia, cedo ou tarde, carregamos a herança dos povos antigos que
pranteiam a morte como se ela fosse algo que não deveria acontecer. Muito já se
falou sobre a necessidade que o homem tem de sentir-se eterno. A tradição
Cristã e outras religiões prometem uma vida eterna sem a chatice das contas a
serem pagas todo fim de mês.
A verdade é que levamos a
vida muito a sério, exigindo dela mais do que ela pode nos dar. Nunca estamos
contentes com o que conquistamos e nos esquecemos das coisas banais que nos
provocam risos tímidos ao caminhar pelas ruas repletas de rostos seríssimos,
cada um carregando os seus problemas e de toda humanidade.
Acho que está na hora de
vermos a morte, não como o fim de tudo, mas como a conclusão de grande projeto
que tem seus percalços, mas também tem muitos momentos bons. Se deixarmos de
exigir muito da vida e passarmos a sentir prazer em cada segundo que ela nos
dá, poderemos, na hora da partida, nos sentirmos como Paulo na sua carta a
Timóteo: “combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé.”.
É certo que não sairemos
vivos dessa vida, então para que carregarmos correntes durante nossa
existência. Mágoas, rancores, medos, são como bolas de ferro atadas aos nossos
calcanhares. Se insistirmos em carrega-las, a vida ficará mais do que séria,
ficará pesada. Assim, na hora de nos despedirmos daqui, nossos parentes irão
prantear, não a saudade gostosa ao relembrar nosso sorriso ou nossos gracejos,
mas o quanto deixamos de aproveitar da vida que a vida nos deu. Pense nisso,
liberte-se e sorria.
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