Aos domingos, sempre que eu comprava
um exemplar de “O Globo”, meu primeiro olhar corria para o caderno aonde encontraria o artigo de
João Ubaldo Ribeiro. Me deliciava com as estórias que ele narrava contando suas
estadias na Ilha de Itaparica e seus personagens memoráveis, reais ou
imaginários.
As suas aventuras pela orla
carioca, um café, um diálogo com o jornaleiro, um chope com os amigos, tudo era
contado com extrema perícia pela riquíssima prova do grande escritor. Vencedor de
grandes prêmios que honraram suas qualidades como contador de estória, talvez
não soubesse que conquistara o maior de todos: o coração dos brasileiros que
insistem em ter acesso a uma boa literatura.
Critico contundente
de pessoas públicas que desempenharam suas funções não tão republicanamente
como deveria ser, me parecia um inveterado esperançoso de dias melhores. Seus textos
são obras-primas que poucos terão a oportunidade de igualar, nunca ultrapassar.
Seus leitores sentirão a enorme ausência da sua voz rouca a denunciar as coisas
que o incomodavam, mas terão como consolo os seus textos que, muitas vezes,
soaram como chibatadas no lombo dos oportunistas e mentirosos. Talvez os
corruptos pensem que agora terão descanso, uma vez que sua voz se calou, mas
enganam-se. As palavras escritas por João Ubaldo ficaram eternizadas nos olhos dos
leitores que as repetirão à exaustão por todo o sempre. Viva o povo brasileiro!
Viva João Ubaldo Ribeiro, um brasileiro de Itaparica.
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