Bia, como Beatriz é mais
conhecida, gosta muito de desenhar e pintar. Não necessariamente nesta ordem,
mas a qualquer hora do dia... ou da noite. Ela é um pinguinho de gente,
magrinha com cabelos negros e escorridos que às vezes lhe cobrem os olhos de
menina sapeca. Faltou dizer que Bia também chora por quase nada. Nada? Para ela
é quase tudo.
“Caraca! Esse sol é muito
esperto! Como vou prender esse solzinho?” - perguntou-se Beatriz.
Olhando em volta de seu quarto
procurou alguma coisa que pudesse lhe servir para aprisionar aquele teimoso raio
de sol, mas tudo que usava não conseguia prendê-lo. O que também estava
deixando Beatriz irritada era o fato de que o raio de sol, com o passar do
tempo, mudava de lugar e agora já estava sobre o seu tapete de borracha
vermelho. Ela pensou em chamar sua mãe, mas lembrou-se de que ela sempre lhe
dizia que já era uma mocinha e que não podia mais chorar à toa e, se era assim,
ela com certeza também poderia prender aquele simples raiozinho de sol.
“Tenho que prender esse solzinho
em algum lugar antes que mamãe venha me acordar. Se ela entrar aqui e encontrar
esse sol como vou dizer que ainda é muito cedo para me levantar?” - pensou
Beatriz.
Bia tentou prender o sol com um
saco, com uma colcha, com uma luva, um casaco, um caderno, um prendedor de
cabelo, uma revista, uma sandália e até com seu roupão, mas nada conseguia aprisionar
o raio de sol.
“Beatriz!”, ela ouviu a voz de
sua mãe lhe chamando.
“Estou perdida! Quando ela entrar
e encontrar esse solzinho não terei como ficar na cama um pouco mais...”,
pensou Beatriz.
De repente sua mãe entrou no
quarto e foi então que o milagre aconteceu: uma nuvem enorme ficou em frente à
janela de seu quarto, aprisionando o raio de sol.
“Ufa!”, pensou Beatriz, “Estou
salva.”
“Minha filha, o que você está
fazendo fora da cama? Ainda está com soninho?”
Beatriz fez que sim com a cabeça,
então sua mãe falou:
“Hoje é sábado e não tem escola.
Você pode dormir mais um pouquinho.”
“Está um dia lindo e eu quero me
levantar cedo para brincar muuuuito!”.
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