Chegamos, aos tranco e
barrancos, mas chegamos. Estamos na semifinal da Copa do Mundo 2014. Entretanto,
nossa alegria não foi completa. Perdemos a nossa esperança de gols, pelo menos
é assim que estamos entendendo este momento. Demorou, mas o Brasil chegou à
conclusão que é extremamente dependente do talento de Neymar.
Estou achando tudo isso um
tanto estranho. Parece que já temos uma desculpa para o caso de a nossa seleção
não conseguir passar pela forte Alemanha, e
que irá aliviar a nossa dor e despir a seleção da obrigação imposta por
nós, torcedores, de vencer Copa no Brasil a qualquer custo e nos redimir do
vexame da Copa de cinquenta.
Caso vençamos, poderemos nos
ufanar e respirar aliviado, sem, entretanto, apostar na vitória do Brasil no
jogo da final. Ora, todos nós, torcedores assíduos ou não, sabíamos que esse
time é dependente do brilho de Neymar, assim como a Argentina é das jogadas de
Messi, Portugal de Cristiano Ronaldo e a França de Benzema. Nós poderíamos ser
diferentes, mas Felipão escolheu vencer ou perder com as suas convicções. Não
está errado. O problema é que o “imponderável” cruzou o caminho da nossa
seleção.
Esse acidente ocorrido com
Neymar tem levado algumas pessoas a extremos, como se tudo dependesse de uma
partida de futebol. A atriz Débora Secco postou uma foto na rede demonstrando
toda sua felicidade pelo momento de alegria pela qual está passando. Para quê! Um
internauta a criticou por ela estar feliz quando ele estava triste por Neymar
estar contundido e não mais participar do mundial. Menos, amigos, menos.
O Brasil perdeu a Copa de
cinquenta e o país não acabou. Continuamos crescendo, nos desenvolvendo,
avançando na política, na industrialização e na pesquisa. Novos craques
surgiram e o Brasil foi campeão em 58, 62, 70, 94 e 2002. É claro que ganhar
uma Copa do Mundo é tudo de bom, mas perder não é o fim do mundo.
Eu que, ainda menino, vi o
país ganhar a Copa de 70, que fiquei triste com a eliminação da seleção de
oitenta e dois e que vibrei com as conquistas de 94 e 2002, espero que essa
seleção possa se reinventar sem a presença de Neymar e que dentro de campo
surja um talento adormecido que exploda numa arrancada em direção ao gol e estufe
as redes adversárias libertando da garganta de todos os brasileiros o grito
aprisionado que fará de nós os únicos hexacampeões do planeta bola. Vamos lá
Brasil! “Agora, é nós”.
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